quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

30 De Janeiro Dia Da Saudade


No dia 30 de janeiro se comemora o Dia da Saudade. A palavra vem do latimsolitate, que na tradução literal quer dizer solidão. Mas em nossa língua ela adquiriu um significado bem mais romântico, como nos mostra o Dicionário Aurélio:
Saudade: Substantivo feminino - Lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las; nostalgia.

Este sentimento sempre foi tema de músicas, poemas, filmes e não há quem já não o tenha sentido. 
Temos saudades de pessoas, de momentos, de situações, de lugares. Sentimos falta de tudo o que nos faz bem. E, como dizem que relembrar é viver, a saudade nos transporta para um tempo em que fomos mais felizes, trazendo, muitas vezes, lembranças doloridas.

E para desejar a todos um Dia da Saudade cheio de boas lembranças, nos apropriamos de um poema do grande Mario Quintana:

Saudade

na solidão na penumbra do amanhecer.
Via você na noite, nas estrelas, nos planetas,
nos mares, no brilho do sol e no anoitecer.

Via você no ontem , no hoje, no amanhã...
Mas não via você no momento.

Que saudade...


Mario Quintana

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013



Mães de filhos natimortos sofrem com traumas e luto social


O luto e o estresse são importantes fatores que ajudam a aumentar o sofrimento de mães que tiveram a experiência de terem filhos natimortos, além de terem dificuldades em conviver com o silêncio que as pessoas ao redor impõem em relação à perda da criança. Outro aspecto que impulsiona a dor e a fragilidade emocional da mãe é o despreparo dos hospitais para cuidar de mulheres que passaram pela experiência de ter natimortos.

Mãe se sente humilhada por não ser capaz de gerar um filho vivo
Tendo como suporte teórico a Teoria do Luto, a psicóloga Márcia Maria Coelho Rodrigues entrevistou 9 mulheres que passaram pela experiência de ter um filho natimorto , entre 2007 e 2008, para desenvolver a pesquisa A experiência da mãe por ter um filho natimorto, mestrado defendido na Escola de Enfermagem (EE) da USP e orientado pela professora Regina Szylit Bousso.
Em seu estudo, Márcia observa quatro momentos marcantes na vida da mãe. “O primeiro, é quando a mãe ouve a notícia da morte de seu filho durante a consulta de pré natal. Ela não acredita porque não consegue entender a morte, afinal estava aguardando a vida de seu bebê. Em alguns momentos, pensa até que está sentindo o bebê mexer em sua barriga”, explica Márcia.
Segundo a pesquisadora, a notícia de que o bebê morreu durante a gravidez é um grande choque. “É difícil acreditar que é realidade. Depois de muito tempo sonhando com a criança e fazendo planos a mãe fica exausta, tem uma profunda dor emocional, acompanhada de um sentimento de vulnerabilidade diante da notícia que terá um filho natimorto”, diz a psicóloga.
Após o choque inicial, em que a mãe se vê diante de um natimorto, há o segundo momento significativo: o parto. Circundado por estresse e medo, a mulher não imagina como será dar a luz a uma criança morta e por ter um parto sem sentido. Segundo Márcia, “a mãe é obrigada a passar por todas as etapas do parto, inclusive as dores. Ela se sente humilhada por não ter sido capaz de gerar um filho vivo.”
Um dos grandes problemas desse segundo momento é durante o parto. “A mãe precisa tomar a decisão de ver ou não o filho morto. Nem sempre ela consegue verbalizar o desejo de conhecer, tocar, segurar no colo o seu filho que agora está morto. Nesta situação, outras pessoas acabam decidindo por ela o que fazer. Assim, as mães têm dificuldades para se despedirem de seus filhos e isso dificulta a compreensão do que aconteceu e, consequentemente, complicando o seu luto ”, ressalta.
O terceiro momento é a saída da maternidade de mãos vazias. Novamente retorna o sentimento de humilhação e tristeza por não ter conseguido dar a luz um filho vivo e o estresse de sair de uma maternidade sem seu bebê é algo traumatizante para a mulher.
Após esse fato, vem o quarto momento significativo, que é o luto social. “Depois que sai da maternidade, a mãe se sente sozinha e se encontra em um ambiente em que falar do assunto é proibido. As pessoas, às vezes com medo de entristecer mais a mulher, fazem uma espécie de ‘voto de silêncio’. O problema é que muitas mães que se veem diante de filhos natimortos querem outro tipo de apoio e necessitam conversar sobre o assunto para entender melhor o que ocorreu e digerir as informações”, explica a pesquisadora.

Suporte à mãe
Um dos principais aspectos que pode ajudar as mães de filhos natimortos a superar a difícil experiência é o suporte tanto das maternidades quanto das pessoas próximas da mulher. “A mãe está muito frágil e precisa de cuidados diferenciados tanto dos hospitais quanto dos amigos e familiares. Muitas vezes as ações promovidas para manter o bem-estar da mulher são impróprias e acabam piorando seu estado emocional, o seu luto”, descreve Márcia.
O apoio da maternidade é fundamental para que a mulher tenha a experiência do luto amenizada. Um dos fatores positivos para essa superação é o atendimento diferenciado dos hospitais. “Em muitas maternidades as mães que acabaram de fazer o parto de um filho natimorto são colocadas juntos com outras mulheres que também tiveram bebês. O estresse e o sentimento de culpa e impotência aumenta quando, após a perda, a mãe se depara com outras mulheres amamentando seus filhos saudáveis. É surpreendente que ainda hoje encontramos hospitais de metrópole no estado de São Paulo que não levem esse fato em consideração. Os profissionais da saúde devem compreender essa realidade e a dificuldade desse momento para as mães e dar o suporte necessário para minimizar o sofrimento dessas mulheres”, recomenda Márcia.

(Fonte:http://www.usp.br)

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Depoimentos reais de Mães órfãs

          “Eu sempre quis ter outro filho, mas não é um plano para daqui a nove meses”
                                           Ana Carolina, mãe de Isabella

A mãe enlutada Ana Cristina de Freitas Rocha, que perdeu em São Paulo a sua “querida Tatiana”, vítima de uma broncopneumonia aguda que fez seu abdômen doer numa quinta-feira e seus olhos cerrarem para sempre já no sábado seguinte: “O falecimento de filho é dor que dói na alma e no corpo.” Ana Cristina explica que “não há superação”, mas tão somente adequação de seu dia a dia ao sofrimento.

 Finalmente, a morte de um filho interrompe o inexorável, mas natural caminhar do tempo: estamos culturalmente preparados para assistir, primeiro, à morte de nossos bisavós, avós e pais – ou seja, daqueles que primeiro chegaram ao mundo. O falecimento do descendente, portanto, interrompe essa ordem estabelecida de vida e morte e a mulher-mãe enlouquece ao triste estilo dos incrédulos que não se cansam de perguntar “por quê?, por quê? por quê?”. “Dá culpa, muito sentimento de culpa”, diz a paulista Eliza Cristina Saravalli, mãe de Tiago, morto num acidente. “Certa noite, voltando muito tarde de um baile, tirei os sapatos para entrar em casa para que o Tiago não visse a hora que eu estava retornando. Ele acordou e perguntou: mãe, essa cena não está invertida? Não sou eu que tenho de chegar tarde e você cedo?”, lembra Eliza. Agora, no angustiante luto cercado de símbolos, ela atravessa noites a fio se indagando o contrário: “Tiago, essa cena não está invertida? Não sou eu que tenho de estar morta e você vivo?” A despedaçada Eliza prossegue com ela trabalhando como cuidadora de idosos.

Para as órfãs de suas proles o tempo estanca e não há lenitivo; e entre aqueles que se especializam em cuidar delas é impossível quantificar um período de luto. “Perder um filho é o maior stress que o ser humano pode passar. Não dá para dizer quanto dura esse luto, ele pode ser eterno”, diz a psicóloga Éster Affini, especializada no atendimento desses casos.

Luto eternizado e tempo estancado são vividos por Maria José da Cruz Ferreira. Ela está com 73 anos e sua filha única, Regina, morreu quando tinha 15. Nesse pesaroso intervalo de 37 anos, Maria José conserva o quarto da filha tal qual ele era. Na gaveta da cômoda, cadernos e provas do colégio; no armário, vestidos. “A caminha dela, a cadeira, o violão, os bichinhos de brinquedo, tudo igual”, diz a mãe. A certa altura da vida, se é que dá para falar em vida, Maria José e seu marido, José Roberto Ferreira, chegaram a cogitar um pacto de morte – os dois se suicidariam no mesmo instante. Eles não se mataram porque “nos voltamos para a fé em Deus e em Nossa Senhora, além do trabalho voluntário com jovens”, diz ela.
(fONTE:http://www.istoe.com.brde01.Abr.10N° Edição:  2108)